Museu Paranaense recebe “Noite das ideias”, evento internacional realizado anualmente pela Embaixada da França
O Museu Paranaense (MUPA) recebe “Noite das Ideias”, evento internacional realizado anualmente pela Embaixada da França no Brasil e pelo Institut Français, que reúne instituições culturais e educacionais do mundo inteiro para celebrar a livre circulação de ideias e a troca de conhecimento. As ações acontecerão dias 12, 15 e 16 de junho. Estão programadas mesa de conversa com convidados nacionais e internacionais, exibição de filme e abertura de exposição da segunda convidada do Programa Público a ocupar a Sala Lange de Morretes do MUPA, a fotógrafa Valentina Tong.
Sob a temática “Linhas de Falha”, a Noite das Ideias encoraja o público à troca de conhecimentos, estimulando o pensar, falar e fazer sobre as diversas “rupturas” da contemporaneidade. Esta é a segunda edição da Noite das Ideias no MUPA. A primeira foi realizada em janeiro de 2022 sempre em parceria com a Aliança Francesa de Curitiba. Assim como naquele ano, a Noite das Ideias 2024 é incorporada à programação do Programa Público do MUPA – projeto experimental e bienal do museu que promove uma série de ações artísticas, educativas e culturais inteiramente abertas ao público.
Para participar das atividades da Noite das Ideias no Museu Paranaense não é necessário realizar inscrições prévias. Os ingressos serão distribuídos uma hora antes do evento na entrada do museu. A programação é gratuita e aberta a todos os públicos.
Confira abaixo a agenda completa:
Quarta-feira (12.06) – 19h – Mesa de conversa “Teorias do corpo na antropologia”, com Alexandre Surrallés, Mauro Almeida e Márnio Teixeira-Pinto. Os pesquisadores refletem sobre a noção de corpo, que não existe enquanto parte das línguas das culturas estudadas pela antropologia, mas que ao mesmo tempo é uma noção analítica fundamental ao longo da história e na atualidade desta disciplina.
Alexandre Surrallés é diretor de estudos da EHESS e diretor de pesquisas do CNRS, na França. Especialista em antropologia da Amazônia, sua pesquisa centra-se no papel da afetividade na definição dos laços sociais, os direitos dos povos indígenas e a lexicografia na América colonial.
Mauro Almeida é doutor em Antropologia Social pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, leciona no Programa de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas desde 1977. Desenvolve pesquisas atravessando os temas Amazônia, reservas extrativistas, comunidades tradicionais e teoria antropológica.
Márnio Teixeira-Pinto é professor de Antropologia na Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisador na área de etnologia indígena. Realizou trabalhos com o povo Arara, tornando-se referência na bibliografia ao tratar sobre os temas organização social, xamanismo, ritual e moralidade.
Sábado (15/06), 16h – Mesa de conversa “Ecologia dos corpos não-humanos”, com Ana Vaz (on-line), Juliana Fausto e Valentina Tong
As relações entre corpos humanos, corpos animais outros que humanos e corpos inorgânicos e minerais, sociedade e paisagem, a depender da perspectiva, podem demonstrar e oferecer possibilidades cosmopolíticas que se afastam do modelo político professado pelo humano. No desdobrar de uma troca de ideias envolvendo repertórios da filosofia, cinema e fotografia, as convidadas vão refletir sobre o tema no âmbito das artes e da ciência.
Ana Vaz é artista e cineasta. Atualmente traça a sua caminhada entre Paris e Brasília. Sua filmografia ativa e questiona o cinema enquanto arte do (in)visível e como instrumento capaz de desumanizar o humano, expandindo suas conexões e devires com outras formas de vida — tanto outras-que-humanas, quanto espectrais.
Juliana Fausto é filósofa, escritora e tradutora. Autora de “A cosmopolítica dos animais” (n-1 edições, 2020), é bacharel em Filosofia (UFRJ), mestre em Letras (PUC-Rio) e doutora em Filosofia (PUC-Rio). Tem especial interesse no envolvimento de outros-que-humanos em questões que dizem respeito à arte, ecofeminismos e ecologias quer nos tempos da catástrofe socioambiental conhecida como Antropoceno.
Valentina Tong é arquiteta, fotógrafa e curadora, baseada em São Paulo. Desenvolve uma pesquisa fotográfica de longo prazo sobre a paisagem geológica brasileira e sua relação com a arqueologia, a arquitetura e o extrativismo. Como curadora, é colaboradora do Instituto Moreira Salles, onde trabalhou em diversos arquivos fotográficos e projetos comissionados de artistas contemporâneos.
Sábado(15/06), 16h – Abertura da exposição “Viagem Geológica”, conjunto de obras de Valentina Tong
Viagem Geológica apresenta um painel-arquivo com um conjunto de fotografias do projeto de longo prazo da arquiteta e fotógrafa Valentina Tong. Sua pesquisa visual busca entender como as estruturas geológicas dos territórios definem sua vocação econômica, como a arquitetura pode movimentar paisagens e como a presença de pinturas e gravuras rupestres se tornam uma resistência diante dessas paisagens em transformação.
A exposição fica em cartaz na Sala Lange de Morretes até 18 de julho. Ocupa o espaço da mostra em cartaz “Lenora de Barros: Fogo no Olho”, conjunto de obras da artista visual Lenora de Barros, que abriu o Programa Público.
Sábado (15/06), sessões às 14h30 e 18h; e 16/06, sessões às 11h e 12h30 – Exibição do filme “É Noite na América” (66’, 2022), de Ana Vaz.
“É Noite na América” é um filme gravado no zoológico de Brasília, habitat de centenas de espécies resgatadas na cidade. Tamanduás, lobos-guará, corujas, cachorros-do-mato, capivaras, carcarás se encontram com biólogos, veterinárias, cuidadores e a polícia ambiental, numa trama soturna em que os desafios da preservação da vida tecem uma trama de perspectivas cruzadas.
PROGRAMA PÚBLICO – O Programa Público é uma forma de convidar a comunidade a se aproximar, refletir e se envolver com um assunto. Para isso, o MUPA propõe uma programação especial, estendida e gratuita com diferentes ações que evocam determinada temática de forma diversa e interdisciplinar.
A ideia é que o público possa experimentar, aprender, conhecer e sentir de forma ampla o que é apresentado, a fim de enriquecer sua vivência intelectual, emocional e cultural, não apenas em escala pessoal, mas de experimentação coletiva. Esta segunda edição, que acontece de maio a agosto, tem como tema “Corpos ― Indícios, Matrizes ― Espécies”, e convida os visitantes a refletirem sobre as linguagens transversais do corpo.
A primeira edição, realizada em 2022, levou gratuitamente ao público 44 ações, entre oficinas, palestras, rodas de conversa, ações e intervenções artísticas de diversas linguagens. Foram mais de 20 mil pessoas impactadas a partir da temática “Se enfiasse os pés na terra: relações entre humanos e plantas”.
Fonte: Agência Estadual de Notícias