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O que leva jovens do Paraná a se voluntariarem para o conflito na Ucrânia

Antônio Hashitani, Murilo Lopes Santos, Gabriel Lopacinski, Wagner da Silva Vargas e Lucas Felype Vieira Bueno são alguns dos paranaenses que se voluntariaram para a guerra da Ucrânia.

Quatro deles estão mortos ou desaparecidos. Lucas Felype conseguiu fugir após decidir abandonar o campo de batalha. Os combatentes são jovens entre 20 e 29 anos. Conheça mais sobre as histórias deles abaixo.

Segundo a psicóloga Adriana Schiavone, um dos fatores que motiva um jovem a ir para uma área de conflito armado é a busca por um sentido na vida.

“Em alguns casos são pessoas que se sentem muito vazias, sem muitos objetivos, então elas buscam dentro do cenário de uma guerra um sentido e objetivo de vida. Também tem essa coisa patriota de lutar por um país, de encontrar ali um lugar social que pode ser mais reconhecido”, diz a psicóloga.

Deborah Sedor, voluntária na Humanitas Brasil-Ucrânia, explica ainda que a maioria desses voluntários não é descendente de ucranianos e se interessa pelo conflito a partir de convites de colegas engajados na guerra ou pela expectativa de ganhos financeiros.

“Eles veem vídeos produzidos pelos soldados, que não mostram nem 1% da realidade. Isso gera a ideia de que a guerra é algo heroico, quando, na verdade, é devastadora”, afirmou Sedor.

Julia Regina Bertoldi, do Comitê Humanitas Brasil-Ucrânia, acrescenta que muitos são motivados pelo sonho de integrar forças militares, um objetivo que não conseguiram realizar no Brasil.

“Há jovens que gostariam de estar na polícia ou no Exército, mas não tiveram a oportunidade. Na Ucrânia, eles veem uma chance de viver esse sonho”, explica.

O comitê oferece apoio psicológico gratuito a combatentes e familiares.

“Tem pessoas que voltam e não conseguem ouvir o barulho de um avião sem entrar em pânico. Já para famílias de mortos ou desaparecidos, o luto é ainda mais complexo, porque muitas vezes não há corpo a ser velado”, diz Julia.

Antônio Hashitani


Estudante de medicina em Curitiba, Antônio Hashitani trancou o curso para atuar em projetos humanitários na África e depois se voluntariou na Ucrânia. Morreu em combate em Bakhmut,

Ele morreu enquanto combatia forças russas na cidade de Bakhmut, em agosto de 2023. A notícia da morte, conforme os familiares, chegou por meio de um telefonema do Itamaraty para o irmão de Antônio. Contudo, a morte pode ter ocorrido entre 2 e 3 de agosto daquele ano.

Murilo Lopes Santos


Natural de Castro, nos Campos Gerais, Murilo Lopes Santos se alistou em novembro de 2022. Morreu em julho de 2024, em Zaporizhzhia.

Em entrevista ao g1, a mãe de Murilo, Rosângela Pavin Santos, conta que o jovem se alistou voluntariamente, motivado pelo desejo de lutar ao lado das forças ucranianas contra a invasão russa.

“Ele falava: ‘É muito covarde o que fizeram com a Ucrânia e eu quero defender’. E aquilo ficou na cabeça, no coração dele. Era o ideal que ele tinha”, disse a mãe.

Gabriel Lopacinski


De Mallet, no sul do estado, Gabriel Lopacinski partiu para a Ucrânia em setembro de 2024. Um mês depois, em janeiro de 2025, a família foi informada de sua morte em combate, mas o corpo nunca foi localizado. Oficialmente, ele é considerado desaparecido.

Gabriel era filho único e embarcou para lutar pelo país dos seus antepassados na guerra contra a Rússia.

Wagner da Silva Vargas


Natural de Santo Antônio do Sudoeste, Wagner da Silva Vargas está desaparecido desde julho de 2025, após ser enviado para a linha de frente.

Vargas mantinha contato diário com a mãe, Maria de Lourdes Lopes da Silva. A última troca de mensagens com ele aconteceu em 11 de junho e, segundo a mãe, ele avisou que ficaria sem celular por alguns dias, pois iria para a linha de frente. Ainda de acordo com ela, o filho não tinha experiência em combates.

Lucas Felype Vieira


De Francisco Beltrão, Lucas Felype Vieira viajou em maio de 2025 com a promessa de atuar como operador de drones. Ao perceber que seria enviado para o front, fugiu no dia 12 de agosto, após percorrer mais de mil quilômetros até cruzar a fronteira.

Fonte: G1

Redação DV Agora

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