Foto: Luiz Gabriel Franco/g1
A Rosas de Ouro sagrou-se campeã do Carnaval de São Paulo nesta terça-feira (4), garantindo a vitória na última nota divulgada, após uma apuração tensa no Sambódromo do Anhembi.
O título marca o fim de um jejum de 15 anos para a agremiação, que não vencia desde 2010. A escola foi a sexta a entrar na avenida na primeira noite de desfiles, na sexta-feira (28), na Zona Norte da capital paulista.
“Eu sabia que ia virar, porque foi uma grande virada. Nós fomos com tudo, quero agradecer a comunidade”, disse Angelina Basílio, presidente da Rosas.
O desfile abordou a história dos jogos ao longo dos séculos, destacando sua influência na humanidade. A apresentação começou com o dia amanhecendo e teve como destaque a fantasia neon da rainha de bateria Ana Beatriz Godoi, uma ala com integrantes vestidos de Pac Man, além de um balão com o rosto do personagem do famoso jogo eletrônico. Uma ala inteira vestida de baralho e a bateria coreografada também fizeram sucesso.
“É com trabalho e persistência que a gente chega lá. Porque a Rosas de Ouro é uma grande escola de samba de São Paulo. Tradicionalíssima”, disse a presidente.
Rosas de Ouro: veja o enredo e cante o samba
“A gente não pode esquecer da nossa ancestralidade. A Rosas de Ouro nasceu na Brasilândia. Eu nasci na Brasilândia, na estrada do Taboão e estou muito feliz. Agora é só festa. Até eu vou tomar chope”, completou.
É o oitavo título da escola da Zona Norte de São Paulo. A escola já venceu o carnaval da capital paulista em 1983, 1984, 1990, 1991, 1992, 1994 e 2010.
A oitava conquista mantém a Rosas de Ouro como na quinta colocação entre as escolas que mais venceram o carnaval em São Paulo. Ela está atrás da Vai-Vai, com 15 títulos, Mocidade Alegre, com 12, Nenê de Vila Matilde, com 11, Camisa Verde e Branco, com 9.
Durante parte da apuração, a Águia de Ouro aparecia na frente, mas no último quesito, evolução, escorregou e terminou em sétimo lugar. Dois carros da escola, incluindo o que trazia Benito de Paula, homenageado pela escola, apresentaram problemas ainda na concentração. Embora eles tenham conseguido atravessar bem o percurso, o atraso na entrada resultou em alguns buracos na avenida, o que pode prejudicar a escola no quesito Evolução.
Neste ano, a escola que veste azul e rosa levou para a avenida 16 alas e quatro alegorias, que foram formadas por 1,8 mil componentes.
A comissão de frente brincou com as outras escolas que disputaram o Grupo Especial: apostas feitas em uma máquina caça-níquel sempre levavam à vitória da Rosas de Ouro.
Com tema de jogos, a primeira ala foi formada por pessoas vestidas de cartas de baralho. E o carro abre-alas era foi o “Grande Cassino Brasilândia”, em homenagem à origem da escola.
Outras alas fizeram representações de jogos africanos, espartanos e chineses.
Conforme a banda passava, os jogos que apareciam eram cada vez mais modernos: Detetive, War e Banco Imobiliário, até chegar aos games tecnológicos, com Mario Bros, Pokémon e a Lenda de Zelda.
A Rosas
A Rosas quase foi rebaixada no ano passado: tirou 269,1 pontos e ficou à frente apenas da Camisa Verde e Branco, Tom Maior (rebaixada) e Independente Tricolor (rebaixada).
Com sede na Freguesia do Ó, na Zona Norte, a escola tem como origem um time de futebol da Brasilândia, o Glorioso da Vila Brasilândia.
Um grupo de amigos que acompanhava o time de várzea fazendo batucada à beira do campo fundou a escola de samba em 1971.
Um dos fundadores da escola, Eduardo Basílio é pai de Angelina Basílio, a atual presidente da agremiação.
A leitura das pontuações atribuídas pelos jurados foi acompanhada apenas por diretores das escolas, convidados e profissionais da imprensa.
Durante a apuração, as notas foram lidas por quesito e a menor delas foi descartada. Ao final, as quantias foram somadas e as duas escolas que tiverem as menores pontuações totais foram rebaixadas, disputando o carnaval 2026 no Grupo de Acesso I.
As notas descartadas são sempre o primeiro critério de desempate a ser aplicado. Neste ano, “Evolução” será o critério de desempate utilizado para definir as campeãs e “Enredo” será o primeiro quesito a ser lido.
Veja como foi a ordem de leitura das notas dos nove quesitos, definida no sorteio:
Enredo
Bateria
Samba enredo
Mestre-sala e porta-bandeira
Comissão de frente
Harmonia
Alegoria
Fantasia
Evolução
Entenda os quesitos avaliados pelo júri
Evolução: Julga a forma como a escola passa pela avenida, sem deixar buracos e sem correr para cumprir o tempo do desfile.
Comissão de Frente: A coreografia conta com alguns movimentos obrigatórios, como a saudação ao público e a apresentação da escola. Jurados também dão nota para a fantasia e observam se a comissão de frente atende à exigência de no mínimo seis componentes e, no máximo, 15.
Fantasia: Avalia a beleza e o significado das fantasias desfiladas. Os jurados também podem se atentar a detalhes e ao acabamento. Os itens apresentados no desfile devem corresponder ao apresentado anteriormente em desenhos pela escola.
Enredo: Nesse quesito é considerado se o tema está sendo bem contado na avenida, com a ajuda das alas e alegorias, e se o jurado e o público conseguem fazer uma leitura fácil da apresentação.
Samba-enredo: O jurado deve considerar se a letra do samba transmite o enredo proposto pela escola. Já a melodia deve provocar nos componentes a vontade de evoluir, dançar e cantar.
Bateria: Avalia o desempenho dos ritmistas e dos mestres de bateria acompanhando o samba-enredo. Além de alguns instrumentos obrigatórios, é importante que tudo esteja afinado. Também é considerada a “ousadia na performance musical”, com bossa, paradinha, breque, apagão, convenção e virada.
Alegoria: Julga os carros alegóricos – a beleza e a relação com o enredo. As escolas de samba são obrigadas a desfilar com cinco alegorias.
Mestre-sala e porta-bandeira: Considera-se o entrosamento dos dois na coreografia, a graciosidade dos movimentos e, também, as fantasias.
Harmonia: Analisa se os componentes da escola estão integrados, cantando o samba conforme o ritmo da bateria e fazendo as coreografias corretamente.
Fonte: G1
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